sexta-feira, 29 de agosto de 2008

vazio no mundo


O mundo fica vazio aos poucos… Parece um balão que sem furo e sem barulho perde ar.
Todos partem… com distâncias diferentes, mas partem… e deixam pedaços.
Parte quem vai crescer para longe. Partes tu, com quem não estava muitas vezes, mas já sinto falta. É diferente. Sorríamos sempre. Às vezes tristes, com a vida do avesso, mas sorríamos. Havia sempre novidades… e coscuvilhices (admito). Nunca te disse… mas admiro a maneira como te entregas… como fazes de segredos partilhas lindas. Não sei porque começou assim tão forte, mas sabe bem a nossa amizade.
E tu… a quem não achei piada quando te vi. Ar de menino mimado e que implicava com toda a gente. Foi assim só até te ver triste… até ao primeiro abraço. Quem mais se vai pôr a gritar do outro lado da rua em Coimbra? Quem me vai oferecer aqueles beijinhos todos… que eram teus? Quem vai adivinhar quando estou offline no Messenger? Mandava-te um toque quando passava em tua casa… E agora? Um dia perguntaste como sabia que estavas ali se a luz estava apagada… O que interessa? Era sempre só para um bocadinho… e lá ficávamos nós em frente à tua porta… e o jantar a esperar. Nunca foi preciso dizer muito… Agora parece que ficou tanto por dizer.
Este lugar longe… este tempo longe… é um sonho vosso. Fico feliz por ter chegado e sonho convosco.
E parte quem fica perto… Quem sem palavras pede espaço… Quem precisa de um mundo que não reconhece nas minhas mãos.



quarta-feira, 27 de agosto de 2008

ténues fronteiras

As palavras prendem-se ao sabor amargo do silêncio, perdem-se no caminho da distância e as que permanecem em mim sussurram alto, até ao tecto da alma, e ecoam no vazio que as paredes da tristeza humanizam pela forma esculpida de um corpo. Corpo que, pela alma intensa de quem sente fundo e sonha longe, tropeça no emaranhado de ténues fronteiras entre o (des)agradável e (in)útil… Trilhos estreitos que só vê depois de cair.


domingo, 24 de agosto de 2008

angústia sem caixa

Revejo toda a anatomia. Penso onde caberiam arrumações de caixas onde esconderíamos o que nos perturba.
Pensando bem, e conhecendo-me, só preciso de uma caixa.
Só precisava de arrumar a angústia. Mas o corpo está (per)feito para existir sem ela. Não cabe no coração porque o acelera descompassado, nas mãos altera os gestos e nos pés o caminhar… mais fundo, circula em nós e, entre veias e artérias, desfaz o que o crescer constrói. Resta-me a alma que os livros do conhecimento humano não legendam, mas porque sente não é sítio.
Não percebo porque são os outros a ensinar-nos os sentimentos e temos de ser nós a separarmo-nos deles.
Só preciso que pensamento e alma se toquem fundo e nenhum doa.



terça-feira, 19 de agosto de 2008

Porque me fizeste assim?


Olha Deus não sei porque vou escrever-Te (já é muito de noite, mas a almofada está molhada destes olhos e o sono não chega). Não vou saber explicar-me, mas sei que vais entender.
Porque escolhes assim? Estes dias estranhos? Verdadeiros dias de verão com um frio estranho…? Não, não respondas… Eu quero descobrir.
Mas diz-me… Porque me fizeste assim, se me amas? Sei que amas e muito. É por isso que falo tanto contigo. Eu sei que também resmungo e grito… mas não é por mal. Acho que é pela confiança que me deste.
Mas não me percas neste raciocínio irracional de amar-Te e questionar-Te. Porque me fizeste assim?
Entregas-me a lógica, a ciência, o raciocínio e a razão… dás-me uma missão linda, um sonho mesmo, e misturas nisto tudo a entrega, a descoberta dos outros e os sentimentos. Estás todos os dias comigo, num treino contínuo que é a vida… e depois, nas coisas mais simples, vês-me errar sem dares um passo, um grito, um alerta. Sinto mesmo que me deixas errar. Às vezes, desculpa, mas parece de propósito.
E, sabes o que dói mais? O que me faz não perceber as Tuas escolhas? É que não sou só eu que sofro com estes passos em falso… com estes gestos, de carinho mas, errados… são também filhos Teus, que eu amo, mas que Tu, pelo amor sem as fronteiras do Homem, amas mais.
Olha, meu Deus, cuida deles, como Te peço, mesmo quando erro. Dá-lhes o sorriso que me prometes. Dá-lhes a Tua mão sempre e, se puderes, diz-lhes ao ouvido que estou aqui… e que gosto muito deles.

Obrigada
.





domingo, 17 de agosto de 2008

... Sempre.

Tenho estado já há uns dias (muitos) a pensar como vou “tirar” ali do lado o link de um blog lindo… onde cresci muito, onde, às vezes, sem imaginar que fosse possível, partilhei tanto de mim.
O fundo da alma foge-nos quando nos sentimos bem.
Aqui, onde ainda vou, leio e releio, choro e sorrio, fui sempre feliz… pelo aconchego, pelo encontro.
Há pessoas que conseguem de nós muito mais que palavras.
Obrigada! … Sempre.


quarta-feira, 13 de agosto de 2008

avião de papel


Tenho a alma cheia de quem gosto e de sonhos. A beijar o rosto com a brisa lembrei-me de um dia em criança querer muito e crer que o vento levaria os sonhos para um lugar, que não sabia qual era, mas que era o lugar dos sonhos das crianças. Fiz um avião de papel e escrevi numa asa o desejo. Mal dormi nessa noite. Parecia a véspera de fazer anos com aquela excitação que mantém os olhitos pesados, mas bem abertos. Sorri pouco depois de levantar… era verdade. O sonho era verdade. O avião tinha ido para o lado certo da realidade.
Hoje, pensei que fosse ridículo fazer o mesmo… mas quero e creio da mesma maneira… e ainda sei fazer aviões de papel.
E foi a sorrir que fiz o avião… a tremer que escrevi o desejo e a acreditar que sorrirei melhor soltei-o.




domingo, 10 de agosto de 2008

como um mar

Pensei, ao lamber uma lágrima, que somos um mar a conter ondas... a tentar não rebentar.
Um mar que bem lá no fundo esconde tesouros, que, às vezes, é refúgio e que sozinho se (des)enrola. … Um mar que se aquece com o sol, o reflecte e num (controverso?) espectáculo o adormece.
Como um mar, somos imenso, mas sozinhos nenhuma maravilha é nossa.


quinta-feira, 7 de agosto de 2008

sabor a mar


Era final de tarde… Estava deitada na toalha a tentar encolher-me por debaixo da leveza da brisa e a apanhar aquele resto de sol. Já sem a expectativa de me bronzear e ficar com o tom de pele que as pessoas têm no Inverno, mas só mesmo para me secar depois do mergulho a que não resisti. Olhava para um amigo que não via há muitos anos… éramos mesmo pequeninos… e sei que sorri ao ver o mesmo olhar e aquele sorriso igual. Falava-se das coisas que nos fazem crescer e recuperava-se o tempo que ali se percebia que afinal não se tinha perdido. Baixei a cabeça para pensar… não sei em quê, mas sei que o pensamento estava a prestes a levar-me para longe… e os lábios tocaram no meu braço e parei a saborear aquele sabor a mar.





segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Aqui...


Aqui, longe, uns diazinhos, de férias.
Aqui achei que encontraria tanta coisa, talvez a esperança da infância e a tranquilidade da alma desses tempos… sempre de férias.
Aqui, longe, há muitas crianças felizes… com bolas a fugir das mãos e a voar de um lado ao outro da piscina, a inventar regras quando mais uma se junta ao jogo de ténis, ou outra coisa qualquer. São tantos os pequeninos atrapalhados à procura do equilíbrio na areia… e outros a tentar ser mais rápidos que as ondas do mar a rebentar.
Às vezes fico com a sensação que o céu precisa da alegria deles… É que aqui o céu é lindo… e faz questão e os adormecer debaixo de muitas estrelas.
Aqui, longe, tudo é perto… o descanso, o sono e o sonho… as memórias e a lembrança do presente… algumas preocupações e todas as pessoas.
Aqui, sempre, convosco.