sexta-feira, 31 de agosto de 2012

"avó Maria"

Conheci o Diogo.
Foi ao hospital com a mãe e o irmão que estava doente. A "confusão" instalou-se à volta do irmão e a mãe "esqueceu-se" por momentos do Diogo.
Vi-o a chorar no chão, num ambiente, que por mais bonecos e cores que tenha, é-lhes sempre frio e feio.
Fui ter com ele... Na tristeza do olhar via-se a preocupação e protecção de um irmão... Tentava ser forte, à altura dos seus 6 anos, limpava as lágrimas que teimavam em cair.
Não foram precisas muitas palavras para o Diogo me dizer, cheio de certeza:
- "Eu sei porque é que o meu irmão está doente! (...) A minha avó morreu... E era ela que rezava sempre para nós não ficarmos doentes."
Sei que se fez um silêncio enquanto caiu mais uma lágrima que me apressei a parar.
Disse-lhe que a avó continuava a rezar por eles e que o irmão ia ficar bom.
- "A minha avó rezava sempre na igreja e que agora não pode ir lá... A minha mãe diz que ele está no céu, mas nunca a vi."
Enquanto vesti o meu casaco ao Diogo e o trouxe para a rua, expliquei que podíamos rezar em qualquer lado. A olharmos para o céu perguntei-lhe o que via. Ele só via estrelas. Escolhemos a mais bonita. Chamámos-lhe "avó Maria". Rezámos um bocadinho, as lágrimas deixaram de cair... e aos pouquinhos o irmão ia ficando melhor.





Ni

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Silêncio dos segredos

Ontem as palavras adormeceram primeiro que eu... E sonhavam em voz alta num quartinho dos segredos. Quando acendia a luz para as tentar escrever, disfarçavam que dormiam em silêncio.
Hoje, ainda só disseram "Bom Dia..."



Ni

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Não sei escrever... Amor!

Não sei escrever...
Amor!
As mãos começam a tremer,
A razão a insandecer...
E uma espécie de dor
Desaparece sem aparecer.
O coração acelera sem parar,
O olhar desfoca-se nas pupilas a dilatar...
Torna-se nítida a certeza
Do sentir a forte subtileza
Do amor que não sei escrever.

Não sei escrever...
Amor!





Ni

domingo, 19 de agosto de 2012

Sem nome e sem nada...


Nasceu com tanto para sobreviver... e sem mais nada!
Não tinha nem tempo para nascer...
Não sabe nem chorar.
A mãe não o viu. O pai não sabe que existe.
O tecto é uma espécie de plástico, que o aquece e acolhe e vai ajudando a crescer.
Tem muitos colos que ainda dói sentir... e que nenhum é o dele.
Nasceu sem nome e sem nada...


...


Há histórias assim... que eu não sei nem contar.


Ni

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Silêncio das palavras

Perco-me mais que as palavras quando as procuro e não as encontro...
E sinto um frio, estranho, que arrepia a alma com o silêncio das palavras lá se escondem.





Ni

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Há dias...

Há dias de pura poesia...
Em que a realidade é magia
Sonhada a medo
Numa noite em segredo...

Dias ao ritmo do bater do coração...
Que param e voam...
Enquanto o sonho vive e existe
E para lá da razão persiste.

Há dias com a perfeição de um desenho...
Permanentemente inacabado e sem tamanho...
Desenho-poema da alma do escritor
Em que cada palavra respira amor...






Ni

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Beleza do verbo amar


Pés assentes na areia,
Olhos no limite do mar,
Alma que vagueia
Na beleza do verbo amar.

O sol a beijar o sonho
Que a brisa faz planar
Entre os limites do pensamento
E asas indomáveis do sentimento.

Pés assentes no sonho
Com asas a fazer voar
Para além do limite do mar...
Toda a beleza do verbo amar.





Ni

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Vazio pleno

Já passou uma semana e continuo a pensar.
Achei que o sítio pouco importaria para o encontro. Afinal, todos os dias nos encontramos e isso nunca foi problema. Encontras-me sempre, mesmo quando (in)conscientemente me tento esconder. Isto foi-me ensinando, pelo sentir, que, de facto, vives em mim.
Assim, de que poderia interessar o lugar?! Era este o meu pensamento, frio e (ir)racional.
Eis que o barulho das pessoas era absorvido pelo silêncio envolvente...
Eis que a calma transbordava em cada partícula inspirada...
Eis que tudo me fez parar...
Fixaste os olhos mesmo quando deixei de conseguir olhar, esvaziaste-me de palavras, um vazio pleno encheu o coração deixando todo o espaço para nós..., a imensidão de (não) saber sentir e rezar assustou-me e chorei... Sem querer, chorei...
Saí, sem ainda hoje ter vindo embora.
Sinto-me demasiado pequena para o tamanho do Teu Amor.





Ni