quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Quero... muito mais

Subo as escadas, folhas de farmacologia na mão, julgava ainda apanhar o sol no quarto. Já sem sol e único desarrumado… recordações e livros por todo o lado. Pego na guitarra e não passo do primeiro degrau… olho a porta, não espera ninguém. Sento-me, os acordes vão saindo, mas a letra esconde-se… Espera pelo silêncio e assalta-me devagarinho.


Quero saber cantar,
Contar o que desconheço,
Quero saber cantar,
Viver até o avesso…

Quero saber sorrir,
Rir e descobrir.
Quero saber sorrir,
Repartir e construir.

Quero saber sonhar,
Acreditar e ser feliz.
Quero saber sonhar,
Começar como aprendiz.

Quero saber sentir,
Fechar os olhos e ver.
Quero saber sentir,
Voltar a criança e ser.

Quero cantar-Te
Quero sorrir-Te
Quero sonhar-Te
Quero sentir-Te…

(mais… muito mais…)



segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Amizade

Quem disse que a Amizade é um mundo cor-de-rosa?
Enfim… permita(m)-me discordar.
É realmente um mundo, mas tem mais cores. Tem todas as cores com que nós a pintamos, mais as que oferecemos para pintar e ainda os (meios) tons com que a sentimos. E talvez seja sempre bonita, mas nem sempre é fácil sentir… Talvez porque sentir não é só lembrar, nem falar… é mais… é chorar se dói, é sorrir mesmo quando dói e ser sincero. Não é fácil, nem depende de treino… depende somente da essência da Amizade que só se sente bem fundo… sempre à flor do pensamento.
A Amizade tem a cor de todos os relógios do mundo. Sabe-os de cor… porque com ela a hora é sempre a certa.
Olha o céu e dá-lhe brilho, descobre-lhe as estrelas, oferece-nos a lua, adormece-nos… e acorda-nos como o sol. Quando o sol se esconde, a Amizade inventa as lágrimas, dá-lhes vida, fá-las rolar alma fora, obriga algumas a ensinar-nos o seu sabor e a outras a esperar pelo sol e desenhar o arco-íris.
Às vezes, deixa-nos acreditar que nos magoa, que nos esquece só porque não grita mais alto que nós.
É como o mar… sempre inacabado a rasar o horizonte.
É, em dias bonitos, a fotografia tirada da varanda… aquela que dá para a Vida.
A Amizade é estranha. Não é pessoa e diz que não ama, mas sofre a distância, a ausente presença… sofre a saudade, sofre a lembrança e sorri. Sofre-se e vive-se intensamente. Ama-se.
É enorme… tão grande que ocupa a alma, mas só descansa no coração.


sábado, 26 de janeiro de 2008

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

fala(r) diferente...

Foi há muitos anos que começámos a falar. Aprendi a concentrar-me em sentir para ouvir esse tom baixinho, doce. Das primeiras vezes foi tão estranho. Não percebia o que se estava a passar…
Nunca contei a ninguém, mas acho que sabias. Um dia perguntaram-me como eram as nossas conversas. Disse que não falávamos… Eu tentava, mas adormecias-me primeiro.
Durante anos que achei que me seguias… olhava para trás e podia jurar que aqueles passos não eram só meus. Depois deixaste-me perceber que afinal caminhavas primeiro… e todo o caminho era nosso.
Com o tempo teimei que queria falar… que me ouvisses melhor. E acredito que até tenhamos sido capazes.
Ontem, mais uma vez, nenhum de nós dormiu… mas parece que só eu falei. Diluí tudo no nosso silêncio diferente… Não consegui segurar uma só palavra nossa. Esgotei-me nelas… e no medo deste rezar simples. Já não sei mais que dizer… Ensina-me a falar mais ao Teu jeito… fala agora Tu, por favor.


terça-feira, 22 de janeiro de 2008

nada (in)existente

Sou, num mundo enorme de pequeno, quase nada rodeada de tudo…
Sou corpo a vaguear em pensamentos vazios de destino e alma presa por dois fios: o que a prende a mim por ser só minha e o que o corpo amarrou quando sorriu por a conhecer.
Sou livre como pássaro a aprender a voar…
Sou lua cheia de noite que espera pelo brilho de um dia aquecido pelo sol sempre a amanhecer.
Sou sonho que ainda não aprendeu a acordar…
Sou a forma inacabada de desistir…
Sou o esforço que a esperança impõe…
Sou diferente… desde que não me reconhecem assim… no meio deste (in)existente ser.



domingo, 20 de janeiro de 2008

(com) as vossas mãos...

Não sei por onde começar... Tenho por aí mais duas mãos que nunca pensei que as tivesse de escrever. São especiais... vêm de longe, pertencem a muita gente e fazem sorrir cada vez mais...
Têm até o dom de chamar a este(s) nosso(s) cantinho(s): "coisa boa".

A Minerva voltou a fazer-me uma surpresa com mais um prémio... "Diz que até não é um mau blog", lançando-me o desafio de escolher sete blogs que orgulhosamente poderão dizer o mesmo.


A avelaneiraflorida deu a volta às palavras e disse: "é um blog muito bom, sim senhora!"... e eu tremo a ter de seleccionar mais sete cantinhos entre tantos onde me sinto bem... e onde, por isso, me sento e deixo ficar tantas vezes...



A vida é jogo nem sempre fácil... e escolher sempre foi a regra mais difícil. Eu vou tentar jogar com as nomeações que já sei que existem e pedir a todos quantos por a(qu)i me conheçam que se sintam alegremente nomeados. Os repetidos (não, não são cromos...) devem-se apenas ao facto de não terem nenhum dos mimos, de todas as mãos amigas serem sempre poucas e porque são mesmo lugares fantásticos, onde ser é crescer e ser feliz!






sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

entre entranhas

Estranho-me quando me entranho…
Há em mim o que não meu.
Mas encontro-me quando me procuro… assim…
Enrosco-me sobre mim
Tento sentir tudo o que me pertence.
A cabeça (des)cansa (n)os joelhos,
Os braços puxam-nos para o coração,
As mãos protegem-se, acalmam-se…
As frases soltam-se,
As perguntas confundem as lágrimas.
Não esperam respostas…
Têm medo das palavras…
Sinto-me mais leve…
Voo e volto.
As perguntas não param…
Gritam por todas as que se esqueceram
E esperam à porta da alma.
Não saem…
Pressentem o frio, talvez a solidão.
Acham-se estranhas,
Não sei se vazias…
Afinal, talvez precisem das respostas…
Eu, não as quero…
Só preciso de um abraço!


terça-feira, 15 de janeiro de 2008

(des)focada

A chuva cai... parece que também cá dentro…
O dia está escuro… a luz parece não chegar para iluminar as folhas…
O vidro da lareira não deixa ver as chamas…
E a música toca…
E os olhos desfocam tudo o que tenho de ver.


sábado, 12 de janeiro de 2008

Exames...

Chega a época em que parece que tudo acontece e o tempo acelera a precipitar mais alguma coisa… Nem pára para deixar perceber, disfarçar ou esquecer. E, se eu parar, o tempo risse e não me deixa rir por fim…
Época de exames em que, por tudo isto, talvez andarei por aqui (mais) escondida, mas a tentar encontrar-me por aí.


terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O avesso das palavras

As palavras verdadeiras são as que dizemos sem pensar. O verdadeiro silêncio é tudo o que nem sabemos pensar…
As palavras parece que foram feitas para os outros e o silêncio para nós… Mas nós não somos nada sem os outros.
As palavras mostram o que queremos dizer, o silêncio aquilo que pensamos. E pensamos tantas vezes no que não queremos dizer…
As palavras limitam-nos. O silêncio imita-nos. Ele é a imitação mais fiel dos nossos limites.
As palavras esvaziam-se na companhia do silêncio. Mas o silêncio é nada com palavras. A solidão é o silêncio das palavras.


domingo, 6 de janeiro de 2008

(re)viver mundos (re)criados

Mudam as gavetas, as paredes, as cores… mudam os cantos e as janelas… mudam olhares e luares. Mudo eu à procura do fundo de um mundo que aqui só deixou parte… à espera de encontrar tudo o que levei e que noutro mundo (re)criei…


Não somos toda a vida do lugar onde começámos a crescer, mas crescemos por esse ser sempre nosso.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Olhar no silêncio das palavras

Há dias em que tentamos ser mais fortes que nós… controlar palavras que não se sabem de cor e sossegar silêncios que não se dão a interpretar. Mas… somos tão transparentes que deixamos fugir tudo num olhar.


quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

acreditar para ser... Hoje!

Hoje queria não sonhar e voar. Queria não acreditar e parar. Queria não chorar e ser feliz. Mas chorei porque acredito, sonhei, voei e… fui feliz!


terça-feira, 1 de janeiro de 2008

sem mudar nada

Há esforços que só se sentem assim quando inúteis. Talvez aparentemente (in)visivéis como quem é tudo sem mudar nada.