Foi ao hospital com a mãe e o irmão que estava doente. A "confusão" instalou-se à volta do irmão e a mãe "esqueceu-se" por momentos do Diogo.
Vi-o a chorar no chão, num ambiente, que por mais bonecos e cores que tenha, é-lhes sempre frio e feio.
Fui ter com ele... Na tristeza do olhar via-se a preocupação e protecção de um irmão... Tentava ser forte, à altura dos seus 6 anos, limpava as lágrimas que teimavam em cair.
Não foram precisas muitas palavras para o Diogo me dizer, cheio de certeza:
- "Eu sei porque é que o meu irmão está doente! (...) A minha avó morreu... E era ela que rezava sempre para nós não ficarmos doentes."
Sei que se fez um silêncio enquanto caiu mais uma lágrima que me apressei a parar.
Disse-lhe que a avó continuava a rezar por eles e que o irmão ia ficar bom.
- "A minha avó rezava sempre na igreja e que agora não pode ir lá... A minha mãe diz que ele está no céu, mas nunca a vi."
Enquanto vesti o meu casaco ao Diogo e o trouxe para a rua, expliquei que podíamos rezar em qualquer lado. A olharmos para o céu perguntei-lhe o que via. Ele só via estrelas. Escolhemos a mais bonita. Chamámos-lhe "avó Maria". Rezámos um bocadinho, as lágrimas deixaram de cair... e aos pouquinhos o irmão ia ficando melhor.

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