O dia estava feio… excepto os passeios cheios de folhas que o vento arrancou das árvores. A preguiça e o frio fizeram preferir o autocarro em vez de caminhar e gelar o nariz, orelhas e a mão que segura na pasta. Aos olhos também não apetecia esforçar-se contra o vento.
No autocarro ouvia-se o sussurrar mais ou menos baixo e o lamentar de vidas… a “disputa” pela importância das doenças e a apreciação (a)normal ao estado do país.
E um rasgo de felicidade faz valer a pena a preguiça. Uma menina pequenina envergonha a mãe quando, longe de todo este lado chato que a vida dos grandes teima em ganhar, começa a cantar despreocupada com o volume, afinação e com os outros:
“Um dia uma criança me chamouuuu
Olhô-me nos meus olhos a sorriiir
Caneta e papel na sua mão
Tarefa escolar p’ra cumpriiir
E preguntou no meio d’um sorrrriso
O qu’é preciso para ser feliz?
Amar como Jesus amou…
Sonhar como Jesus sonhou…
Pensar como Jesus pensou…
Viver como Jesus viveu…
Sentir o que Jesus sentia…
Sorrir como Jesus sorria…
E ao chegar ao fim do dia
Eu sei que dormiria muito mais feliz…"

Não resisti... meti-me com ela, sorrir-lhe e disse-lhe que era muito bonita... Não me ligou nenhuma e continou a cantar feliz.