Ninguém se inscreveu para além da organização... Época crítica: semana pós-queima e período de retiro para estudo forçado. Também eu cheguei a pensar em dia perdido.
Algo parecido com uma tenda e cartazes a dizer "Rastreios" despertou a curiosidade.
Minutos e as pessoas perguntavam: "Há senhas?", "Vêem-me a tensão?", "... e os diabretes", "...colesterol?". Um senhor ansioso e acanhado: "Aqui também fazem aquela coisa da próstata?". Até um pequenino se interessou em ir ver, mas desistiu quando nas mesas não havia rebuçados.
Não lhes interessava terem saído da farmácia, terem nas mãos papéis com números marcados... ali podiam falar mais um bocadinho.
Falavam de tudo... filhos, netos, doenças, vizinhos, meninos desaparecidos... daquelas almas inquietas poucas perguntavam: "Não vou morrer para já, pois não?"
Uma senhora com ar triste: "Aquele (farmacêutico) já nem me ouve. Diz sempre que já sabe." Eu já estava a meio da segunda volta e as pessoas atrás esperavam, mas ela estava contente. Até a tensão tinha baixado.
Alguns ficavam ofendidos quando calçávamos luvas. "Não tenho nada dessas coisas..."
Era difícil fazê-los entender que tinha de ser, que são regras.
Para eles, o jogo já está viciado e obrigatório deveria ser o toque de uma mão "de pele fininha" e ouvidos em continuidade com sorrisos.
Um dia a preparar aquilo que nenhum exame pergunta, mas que todas as pessoas sentem.
1 comentário:
Fiquei comovida! Ouviste, tiveste uma palavra amiga, a paciência de escutar para além da ciência...
Um xi apertado!
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