sábado, 14 de julho de 2007

Eternos instantes...

Tinha pensado como agradecer a companhia dos números… do relógio.
Há noites que não me abandonam… São a luz do quarto, porque nem a lua tem estado ao alcance da janela. Admirava a sua cumplicidade… Partilham entre si minutos inteiros e, porque as noites são longas, vão-se revezando, voltando tantas vezes, para ver se tudo está como deixaram. Iam-me prevenindo, que no dia seguinte continuavam ali e que, quando olhasse para lá tudo ia parecer na mesma… De dia iria irritar-me com eles, perguntar-lhes porque só agora não rodavam, porque fazem questão de marcar horas a fio quando nada mais se vê e que, quando mais queria que o tempo passasse, que o dia terminasse e o cansaço vencesse eles iriam estar radiantes, a rir-se, a sentir o poder de controlar sentimentos, vontades… a saber que aquela imagem de números parados ficaria como uma fotografia para a eternidade… Afinal, naquele(s) momento(s) eles eram a linha do horizonte, próxima é certo, mas real.
Parava, pensava como é triste ser dominada por algo rítmico, às vezes, oposto à euforia da vida…
A realidade presente voltava… até era bom que o tempo demorasse a passar… ainda havia muito trabalho pela frente… e amanha tudo seria igual… Os números, a angústia, o cansaço, a tristeza, os sorrisos, a luta, as “pequenas” alegrias e os eternos instantes…

1 comentário:

Cris disse...

E lá estão os números a vigiar cada passo que damos. Parecem correr nos momentos felizes e abrandar nos momentos tristes.
Texto lindo!
Beijinhos