sábado, 24 de novembro de 2012

Agora sorri...

Entrou à velocidade que a mãe o puxava. Não lhe vi os olhos... só o cabelo que o cabisbaixo não conseguiu esconder mais.
- Dra., venho pedir-lhe um favor! Tem de tirar uma coisa da cabeça do meu filho.
Ora, se eu já não conhecesse a mãe e parte da história teria ficado logo assustada. Mas ainda assim perguntei o que tinha a cabeça daquele menino, que ainda só imaginava de olhos lindos, mas tristes.
- Diga-lhe que o que ele quer não é nada, e que só lhe faz mal.
Esforcei-me para não me rir, mas sorri.
Mesmo a saber, perguntei ao pequenino o que é que quer. O tom indignado da mãe soltou-se antes do filho ter tempo de responder:
- Veja lá, Dra., que ele meteu na cabeça que quer ser padre!
Neste momento o chão, que podia ver os olhos do menino, estava mais escorregadio com as lágrimas que caíam.
Fui "má" para a mãe e destruí a imagem esperançada de "salvadora" que ela tinha do médico.
- Ah?! A sério?! Que bonito! Que notícia boa!
O rosto da mãe mudou de susto e eu finalmente vi os olhos daquele menino, com um brilho enorme a secar as lágrimas... e uma manga a limpar o nariz.
- Queres mesmo ser padre?
- Sim, mas ela não me deixa... Já não posso ir à missa, nem à catequese...
- Oh Dra., (disse ainda a mãe, na expectativa de mudar a minha opinião), o que é que ele vai fazer? Pior só se fosse ladrão...
Aqui assustei-me eu. E, confesso, já me foi difícil manter um tom simpático.
- Olhe, se ele for feliz, as únicas coisas que conseguirá das pessoas é sorrisos, uma calma interior, um motivo de esperança e de Fé nas situações difíceis, quando mais nada parece existir...
Ainda insisti...
- Que felicidade é a sua a vê-lo triste? Há quanto tempo não via este sorriso?
Fez-se um silêncio... apenas quebrado por um baixinho "Obrigado" num abraço do tamanho de um novo mundo naqueles braços ainda pequeninos, mas com tanto para acolher.
Agora vai à catequese e à missa e até é acólito... Anda pela rua e sorri.





Ni

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Tempo mal contado

Passa o tempo devagar
Quase que sem passar...
A dizer que é só um dia
De horas certas contadas...
Mas certa é a correria
Das horas mal passadas
Pelos segundos que teimam e param
E que sentem mas não pensam
Que este tempo mal contado
É o Amor num segredo guardado.






Ni

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Há dias de muitos dias...

Há dias de muitos dias,
Histórias encantadas e magias...,
Sonhos que não ousei sonhar...
E que hoje vivo sem pensar.

Vivo dias inteiros perfeitos...
Que de sonhos reais são feitos...,
Com sol e luar decorados
Para assistirem a olhares entrelaçados.

Mais que horas, são instantes
Os momentos importantes...
Que se eternizam com a ternura
Do sentimento que não é loucura...
Apenas puro e doce ardor
Daquilo que é Amor.

Há dias perfeitos de diferentes...
Dias que são Presentes...





Ni

domingo, 11 de novembro de 2012

Fugiu a imaginação...

Fugiu a imaginação...
Ficou aflito o coração
Com o sentimento a transbordar
Sem saber como contar,
Com as palavras a fugir,
Tudo o que me faz sentir:
Este imenso Amor...
Cada dia maior!

Fugiu a imaginação...,
As palavras e a razão...
Ficaram os versos perdidos,
Pequenos, inteiros, sentidos...
Neste poema de poeta amador
Indigno de escritor...
Que escreve, sem jeito e sem mentir,
A bela plenitude de sentir
Este imenso Amor...
Cada dia maior!






Ni

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

... Quero poder voltar...

Amor... quero poder voltar...
Não quero voltar atrás,
Quero correr para encontrar
O tempo que de volta te traz.

Faz-se o caminho no coração,
Como quem marca o trilho no chão,
Da viagem que se faz sem parar,
Com o obrigatório desespero de esperar
Pelo tempo que passa... devagar...
Quando a tua ausência, amor...
É a presença desta fininha dor...

Amor... quero poder voltar...
Sentir e abraçar...,
Sorrir por poder ficar
No aconchego de um suspiro suspenso,
Enquanto só sinto e não penso...
Que o tempo vai passar...
E eu vou querer poder voltar...
Amor...





Ni

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Escrevo...

Escrevo cada pensamento
Para que não passe como o vento...
Mas ainda assim voa o momento...
Fica só o sentimento.

E quando julgo escrever
Apenas com o pensar
Dou sempre por mim a perceber
Que não há melhor forma de errar.

Não sei escrever a pensar,
Só escrevo porque sinto...
E juro que não minto
Que escrevo só por amar!





Ni